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Soldados Feridos

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sexta-feira, 4 de abril de 2014

No Betel.



 Em 1978, sai da casa dos meus pais para estudar mo Instituto Bíblico Betel Brasileiro. Sabia apenas que queria estudar a Bíblia e saber mais e mais para poder evangelizar. Tinha na época dezessete anos, e como todo adolescente, gostava de desafios. Assim partimos da Rodoviária de BH- MG para João Pessoa - Paraíba. Acho que olhei no mapa a localização do Betel, mas como este devia ser pequeno, não tive a noção de que seriam tantos km a percorre. Saímos sim de ônibus, na sexta de manhã e chegamos no domingo de manhã.
A relação dos ex-alunos com o Betel é de extremos. Tem gente que ama e sente saudades e faria tudo de novo, e outros não gostam nem de falar que estiveram por lá. 
Eu amo, e faria tudo de novo. Faço questão de manter contato com os ex-alunos sejam como for.
O Betel é uma escola paga, assim todos tinham que se supri.
A alimentação básica era garantida, mas cada um tinha que ter seu prato, copo, xícara, talhes,  papel higiênico, sabonete, creme dental, absorvente, enfim tudo mais, que quando a gente vive na casa dos pais, sempre temos e não nos preocupamos quando falta. Assim muitos recebiam a ajuda dos pais, de amigos ou da Igreja de origem. Eu recebia da Igreja, foram muito bons para mim.
Era comum passarmos falta de alguma coisa. Deus estava nos provando, estávamos em um tempo muito difícil no Nordeste. Muita seca, povo sofrido e havia até muita fome nos sertões. 
Embora o calor fosse quase insuportável, tínhamos o direito de tomar apenas um banho por dia, a não ser em ocasiões especiais dois banhos. 
Jamais saíamos sozinhas e toda a segunda-feira era possível sair, passear, almoçar fora, mas nunca ir à praia na região central. D. Lídia Almeida a Diretora- Presidente tinha uma casa na Praia do Bessa, e em grupo podíamos ir. Era na época um lugar deserto, com muitas outras casas que estavam sempre fechadas.
Uma vez por ano todos podíamos ir. O Betel tinha um ônibus e em várias viagens levava em queria passar o dia na praia do Bessa. 
Era regra não emprestar e pedir emprestado, assim cada um se virava como podia com o que tinha. 
Porém era permitido doar. Lembro-me do susto que levei em tempos difíceis ao olhar debaixo do meu travesseiro e ver certa quantia em dinheiro. Fiquei procurando o dono, até que alguém me disse: - É seu!  Mas como assim? Era mesmo comum que as meninas colocassem valores na cama de forma anônima. 
Assim mais tranquila, aderia à mesma prática. 
Sabonetes, creme dental, papel higiênico e coisas do tipo eram comumente depositados por anônimas colegas. Hoje penso em como isso era delicado, amoroso, e gentil por parte das colegas.
Como não podíamos sair sozinhas, era comum alguém nos convidar para um lanche ou almoço, na "Lobrás"= Lojas Brasileiras, ou na casa de algum amigo ou parente. Éramos recebidos de forma tão gentil na casa dos irmãos do Campo Missionário. 
No meu primeiro ano fui escalada para passar vinte dias em São José do Sabugi- Pb, durante o mês de Julho. Lembro-me que sem dinheiro, tinha apenas uma sandália, e um sapato da farda de gala. Percebi que a sandália estava quase no fim, assim andei descalça algumas vezes, para poupa-la. Como era sertão o sol escaldante, alguém me perguntou se eu não sentia dores no pé, sorri e disse que gostava de andar descalça. Realmente gosto até hoje.
 Ao fim dos vinte dias, recebi tantos presentes do povoa daquela cidade, que fiquei quase os dois anos e meio de curso sem comprar sabonetes, embora tenha doado muitos. Recebi oferta em dinheiro, que me possibilitou viajar a Recife, e passar dez dias na casa da Marilene Leite colega do Betel.
Que dias bons!
Que tempo bom! 
Viveria tudo de novo!
Agradeço a Deus pelo tempo de Betel, pelos colegas que se transformaram em amigos “mais chegados que irmãos”.
 Magali Ferraz.

Foto do pátio do antigo prédio na Rua Maria Amélia Torres, em Cruz das Armas, João Pessoa - Paraíba. Alunas em farda de gala.

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