A cada dia fico mais convencida de que Deus gosta e nos planejou para compartilhar.
Fomos dotados por Ele com possibilidades de pensar, e desenvolver nossas ideias com criatividade e empreendedorismo assim como o próprio Deus.
O egoísmo não procede de Deus. Quando guardamos em nosso coração algo para revelar mais tarde isso não é egoísmo é estratégia.
Tudo de Deus remete a unidade, até Ele próprio é um Deus trino.
Penso nos irmãos Caim e Abel. Ambos com suas profissões definidas e aparentemente, cheios de fé, tanto que foram ao altar do Senhor levar suas ofertas. Esta atitude demonstra que eles estavam orientados para agir assim. Abel escolheu do seu rebanho uma ovelha e levou a Deus, que aceitou de pronto. Porém Caim tomou também do fruto do seu trabalho e levou como oferta, mas não foi aceito.
Esta passagem sempre me intrigou, pois não me parecia justo que Deus agisse assim. Caim poderia levar a Deus o que havia cultivado. Deus pareceu injusto em não aceitar os frutos de Caim. Só pareceu, pois Deus jamais será injusto. Entendo que Deus não impôs aos irmãos suas profissões, cada um escolheu e se desenvolveu no ofício, que mais foi compatível com suas habilidades. E o que parece é que ambos foram bem sucedidos.
Só que Deus não precisava mesmo da matéria, lembremos que Deus foi o criador de tudo e ovelha ou frutas não era uma novidade para Deus, e nem precisaria delas. Para os irmãos Caim e Abel, sim o mundo era uma novidade, não só porque eram jovens, mas porque o mundo era jovem também. As histórias mais remotas eram recentes, e não havia passado distante com exemplos para comparar.
Assim Caim levou sua oferta, frutos do seu trabalho, e esforço.
Deus quando fala com Caim sobre o que ele levou para ofertar, Ele o trata como alguém que realmente sabia o que fazer. "Não é certo que seria aceito?" Caim em sua tristeza por ter sua oferta rejeitada, teve a oportunidade de conversar com Deus. Foi uma de tentativa de Deus, para trazer Caim a reflexão do que estava prestes a acontecer: "O pecado jaz a porta e a ti cumpre dominá-lo." Gn 4:7, disse Deus a Caim.
Grande atitude é o domínio de nossas ações. Podemos sim nos dominar. Há dentro de nós a possibilidade de fazer o bem e ou o mal. Podemos nos arrepender do mal ou até do bem que fazemos. Podemos muitas fezes fazer de novo, e melhor, por causa da experiência anterior. Temos a capacidade de errar muitas vezes e de acertar na mesma proporção, o domínio está conosco. Deus nos orienta o caminho certo, porém não nos obriga seguir por ele. A escolha é nossa.
Caim deixou-se levar pelo orgulho, que o moveu desde o principio, quando escolheu frutos e legumes para levar a Deus, no dia em que a oferta deveria ser sangue. Havia sim um dia em que a oferta deveria ser frutas e legumes, mas não era esta a ocasião.
Penso que Caim estava orgulhoso de seu trabalho e deve mesmo ter pensado que foi excelente, superior a seus pais e que merecia ser considerado como um sacrifício, afinal quantas horas por dia Caim não passou ali na lavoura! Dias e dias entre espinhos e mato. Lembremos que todas as técnicas de plantio eram novas, tudo era experiência. E Caim foi bem sucedido em seu trabalho. Então porque Deus não aceitou sua oferta.
Caim não foi aceito por Deus porque, achou que seu esforço sensibilizaria Deus. Que no momento em que Deus visse aquela oferta se lembraria de como Caim havia se esforçado para agradar a Deus e assim teria seus pecados perdoados.
A oferta que Caim e Abel deveriam oferecer a Deus era uma oferta de cordeiro sem defeito, pois fazia alusão a Cristo, o Cordeiro de Deus que haveria de vir com o propósito de redimir uma vez para sempre, o ser humano da condenação eterna. O cordeiro era a representação do Messias que haveria de vir, então ao olhar para o cordeiro humano, o homem deveria se lembrar de Cristo, que estaria ali representado, como substituto, para redimir o ser humano que recentemente havia perdido o acesso continuo a Deus por causa do pecado. Assim quando Deus olhou para os frutos de Caim, Ele viu que Caim “não havia entendido nada”. Caim não era o Cristo. Ele era insuficiente para Deus. Caim não se bastava, só Cristo bastaria para representá-lo diante de Deus. Caim sabia disso, e Deus quando olhou para a oferta de Caim Deus sabia claramente que Caim estava se colocando como alguém que tinha sim méritos, para escapar da condenação eterna. Caim deixou que seu orgulho e altivez o levassem a pensar que Adão e Eva foram não inteligentes, pois estavam no Paraíso e foram expulsos. E Ele, Caim poderia reverter tudo.
Caim deve sim ter pensado que sua atitude de levar os frutos do seu trabalho, fariam dele alguém com capacidade de quem sabe ser resgatado por si só, sem necessidade de que, o Cordeiro fosse morto para salvá-lo.
Caim não precisaria do Cordeiro ele era suficiente.
Pedir ou comprar um cordeiro de seu irmão Abel era humilhante para Caim. Permitir que o Cordeiro de Deus intercedesse por ele também era humilhante, era a confissão de sua incapacidade de se salvar sozinho. Deus viu isso em Caim, e há muito a aprender ai, pois ao contrário dos irmãos Caim e Abel, temos hoje histórias e exemplos bons e maus a seguir. Caim achou que tudo deveria acontecer do seu jeito e não do jeito de Deus.
Penso que Caim deveria ser um homem de muita capacidade, pois ser agricultor é uma tarefa difícil. Quem sabe ele não tenha até desenvolvido técnicas e isso lhe trouxe projeção e orgulho, a ponto de imaginar que era sim auto suficiente, ele se bastaria, não precisaria de substituto, de mediador para resolver as coisas entre Deus e o homem. Ele concertaria o que seus pais fizeram no Edem.
Mesmo que Caim fosse pastor de ovelhas e tivesse levado uma ovelha como oferta, a sua intenção estava errada. Sua atitude de coração, sua visão do que seria a coisa certa, estava mesmo errada, não por falta de orientação, mas por orgulho e ambição de quer ser o Messias.
Imaginemos, o próprio Deus veio a Caim adverti-lo de que suas ideias estavam erradas, e mesmo depois disso Caim elabora um plano e mata seu irmão.
Caim se julgou superior a Deus.
Quando Deus perguntou a Caim por seu irmão Abel, ele negou saber do seu paradeiro. Mais uma oportunidade perdida, de se redimir por seu caráter, por sua vontade.
Deus foi então mais duro ainda com Caim, o deixou marcado, porém vivo. Rejeitado, marcado e vivo, com plena consciência de seus atos.
Fico imaginando, se Caim tivesse ido a seu irmão e lhe falasse que, para o dia da oferta, ele queria adquirir um cordeiro, penso que Abel com gosto lhe diria que tinha sim, alguns exemplares de cordeiro, do jeito que Deus queria. Haveria diálogo entre eles, troca de informações, os laços entre eles se fortaleceriam e haveria paz e amizade entre os irmãos.
Nós não nos bastamos para nós mesmos. Deus criou o mundo para que fosse habitado, e para que as pessoas se relacionassem. O messias quando veio ao mundo, nasceu em família, fez laços de amizades, escolheu pessoas para ensinar os preceitos de Deus, relacionou-se em todo o tempo com todos. Instituiu sua Igreja como corpo, onde um está ligado ao outro e nenhum órgão é autônomo.
Deus se agrada de união, quer o compartilhamento.
Isso evitará grandes tragédias.
Caim não precisava ser marcado como alguém que foi o primeiro homicida do mundo, e infelizmente não foi o único.
Que aprendamos com esta história.
Precisamos de Cristo o nosso Messias, só Ele nos substitui, paga a nossa dívida e nos transporta para o “Reino do Filho do seu amor.” Sem Ele sem Cristo nossos pecados não podem ser perdoados. Nossas boas obras não nos salvam, pois só Cristo adquiriu na cruz o direito de nos resgatar do pecado que nos aprisionava para sempre. Sem Ele não há oferta que seja suficiente.
Esta é minha reflexão.
Amém.
Texto base: Gênesis 4:3-16
Magali Ferraz.
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